Especialistas do CEIC temem que Saída de Angola da OPEP pode ameaçar a continuidade da economia nacional.

Os analistas do Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) da Universidade Católica de Angola temem que a decisão do executivo abrande investimentos e financiamentos daquele País do Médio Oriente, Arábia Saudita, na economia nacional.

Julieta Paquete

Com a saída do cartel dos produtores, o País passa a economizar 8 milhões de dólares norte-americanos anualmente, no entanto, entra em rota de colisão com o líder da Organização do Países Exportadores de Petróleo (OPEP). 

O especialista, José Oliveira, colaborador do CEIC considera que "se olharmos para a situação do País, que financeiramente é má, e como todos sabemos tem um OGE que mais de metade é financiado, e se olharmos para quem está a investir no país nos últimos tempos, vemos que começaram a fluir investimentos dos países do Médio Oriente", entretanto, o fechar de portas da OPEP, numa altura em que o cartel procura a todo o custo cortar a produção para influenciar os preços, pode ter um custo elevado numa altura em que Angola procura formas de financiar o OGE e investimentos públicos.

Ora, "o mais recente financiamento que o País recebeu, foi o da Arábia Saudita em condições até bastante vantajosas para Angola” referiu José Oliveira, visto que no ano passado aquele Estado árabe emprestou ao País 110 milhões USD para a construção de um parque industrial no município da Catumbela, na província de Benguela.

Já Flávio Inocêncio, professor de direito de petróleo e gás que também já trabalhou na OPEP defende que o ministro Diamantino de Azevedo fez bem em propor a saída de Angola da OPEP. "Nunca tivemos grande peso na organização. E a verdade é que a voz de Angola não estava a ser ouvida na negociação de quotas", defende.


Por outro lado, José Oliveira diz haver várias teorias para o fechar de portas à OPEP. E uma delas é da "mão americana" no processo. Várias são as vozes que levantaram a hipótese de Angola ter saído para estar mais perto dos EUA, que tenta destruir a OPEP, apontando a um suposto acordo entre os presidentes Biden e Lourenço, que estiveram reunidos no final de 2023 na Casa Branca, numa iniciativa que visou mostrar uma nova era na relação dos dois países numa altura em que os norte-americanos procuram ganhar espaço em África e atenuar o peso da China no continente.

Acrescentou, relativamente às justificações do Governo para a saída do cartel de produtores de petróleo, que apontou ao facto de a OPEP querer cortar a quota de produção nacional para 1,110 milhões de barris por dia (menos 70 mil do que o País pretendia), são muitas as vozes a levantar dúvidas sobre a veracidade desse argumento. Isto porque os 1,180 milhões de barris/dia que Angola exigia estão acima dos 1,060 milhões que inscreveu no OGE e a história mostra que o País não cumpre pelo menos desde 2013 as metas de produção inscritas nos orçamentos.

Portanto, o País admite poder aumentar a produção. "Acho isso muito optimismo” ainda assim, não está disposto a fazer cortes e não quer participar em cortes de produção, declarou o especialista.


Fonte: Expansão

Especialistas do CEIC temem que Saída de Angola da OPEP pode ameaçar a continuidade da economia nacional

Os analistas do Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) da Universidade Católica de Angola temem que a decisão do executivo abrande investimentos e financiamentos daquele País do Médio Oriente, Arábia Saudita, na economia nacional.

Jan 9, 2024 - 10:20
Última atualização   - 10:21
Especialistas do CEIC temem que Saída de Angola da OPEP pode ameaçar a continuidade da economia nacional
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Especialistas do CEIC temem que Saída de Angola da OPEP pode ameaçar a continuidade da economia nacional

Julieta Paquete

Com a saída do cartel dos produtores, o País passa a economizar 8 milhões de dólares norte-americanos anualmente, no entanto, entra em rota de colisão com o líder da Organização do Países Exportadores de Petróleo (OPEP). 

O especialista, José Oliveira, colaborador do CEIC considera que "se olharmos para a situação do País, que financeiramente é má, e como todos sabemos tem um OGE que mais de metade é financiado, e se olharmos para quem está a investir no país nos últimos tempos, vemos que começaram a fluir investimentos dos países do Médio Oriente", entretanto, o fechar de portas da OPEP, numa altura em que o cartel procura a todo o custo cortar a produção para influenciar os preços, pode ter um custo elevado numa altura em que Angola procura formas de financiar o OGE e investimentos públicos.

Ora, "o mais recente financiamento que o País recebeu, foi o da Arábia Saudita em condições até bastante vantajosas para Angola” referiu José Oliveira, visto que no ano passado aquele Estado árabe emprestou ao País 110 milhões USD para a construção de um parque industrial no município da Catumbela, na província de Benguela.

Já Flávio Inocêncio, professor de direito de petróleo e gás que também já trabalhou na OPEP defende que o ministro Diamantino de Azevedo fez bem em propor a saída de Angola da OPEP. "Nunca tivemos grande peso na organização. E a verdade é que a voz de Angola não estava a ser ouvida na negociação de quotas", defende.


Por outro lado, José Oliveira diz haver várias teorias para o fechar de portas à OPEP. E uma delas é da "mão americana" no processo. Várias são as vozes que levantaram a hipótese de Angola ter saído para estar mais perto dos EUA, que tenta destruir a OPEP, apontando a um suposto acordo entre os presidentes Biden e Lourenço, que estiveram reunidos no final de 2023 na Casa Branca, numa iniciativa que visou mostrar uma nova era na relação dos dois países numa altura em que os norte-americanos procuram ganhar espaço em África e atenuar o peso da China no continente.

Acrescentou, relativamente às justificações do Governo para a saída do cartel de produtores de petróleo, que apontou ao facto de a OPEP querer cortar a quota de produção nacional para 1,110 milhões de barris por dia (menos 70 mil do que o País pretendia), são muitas as vozes a levantar dúvidas sobre a veracidade desse argumento. Isto porque os 1,180 milhões de barris/dia que Angola exigia estão acima dos 1,060 milhões que inscreveu no OGE e a história mostra que o País não cumpre pelo menos desde 2013 as metas de produção inscritas nos orçamentos.

Portanto, o País admite poder aumentar a produção. "Acho isso muito optimismo” ainda assim, não está disposto a fazer cortes e não quer participar em cortes de produção, declarou o especialista.


Fonte: Expansão

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