Bancos angolanos mantêm ‘apetite’ pelos títulos do Tesouro, com empréstimos de mais de 8 biliões Kz ao Estado.

Desde 2014, com inicio da crise dos cambiais, que os operadores do mercado bancário doméstico têm preferido libertar crédito para financiar o Estado do que as famílias e as empresas. Medida é justificada com menor grau de risco quando o dinheiro é aplicado aos títulos, além de que as taxas são mais atractivas. 

Os 23 bancos comerciais que actuam no sector bancário nacional fecharam o exercício financeiro de 2023 com um total de 8,021 biliões de Kwanzas dos seus activos investidos em títulos públicos, revelando, assim, a vontade dos operadores nesse tipo de financiamento, apurou o Kieto Economia de uma compilação da Deloitte Angola. 

Designada ‘Banca em Análise 2024’, o documento mostra que o ‘apetite’ dos bancos comerciais continua crescer neste tipo de negócio, já que os mais de 8 biliões de Kwanzas, representam uma subida de aproximadamente 37,6%, face ao exercício de 2022, não sendo alheio o facto da forte desvalorização do Kwanza face ao Dólar norte-americano e ao Euro, observada em 2023, uma vez que os activos expressos em moeda estrangeira e/ou indexados a moeda estrangeira valorizaram significativamente face a 2022.

O documento não explica a razão do forte interesse dos bancos comerciais neste tipo de negócio, mas, ao Kieto Economia, vários analistas e profissionais dos bancos sistémicos continuam a defender que o investimento em títulos do Tesouro é ainda mais rentável e seguro do que o investimento no crédito tradicional. 

Ou seja, os bancos preferem emprestar os recursos ao Estado do que as famílias, porque consideram que os títulos têm menos riscos do que do crédito bancário, que depende de vários factores, como a desvalorização da moeda e a taxa de inflação. Na prática, num cenário de crise, há mais probabilidade de os bancos reaverem os seus investimentos dados ao Estado do que às famílias, que, com a crise ou subida dos preços, têm mais dificuldades de honrar os seus compromissos junto da banca. 

Individualmente, o Banco Angolano de Investimento (BAI) continua a liderar a lista de entidades que mais absorvem títulos do Estado. Ou seja, o BAI vai na frente dos bancos com um investimento de perto de 2 biliões de Kwanzas em empréstimos ao Estado, no exercício financeiro 2023, o que representa uma quota de 25% do total desta tipologia de activos. 

Por sua vez, o BFA, BPC, Atlântico e BIC fecham o TOP 5 deste ranking, não tendo existido qualquer alteração nas posições, face a 2022. Adicionalmente, no final de 2023, os cinco maiores Bancos, em termos de activos, representavam 72% do total dos activos dos bancos em estudo, o que representa um aumento residual na concentração de 71% em 2022, tendo sido verificado um aumento dos títulos e valores mobiliários, de cerca de 36%, sendo que o maior crescimento se concentrou no BAI, BIC e BFA, que viram os títulos e valores mobiliários aumentar em cerca de 1.260 mil milhões de kwanzas, que corresponde a 59% do crescimento total de títulos face a 2022.

Quanto às posições relativas dos restantes bancos, destaca-se a subida de quatro posições do BCI, que passou a integrar o TOP 10 em 2023, em virtude do reforço no investimento em dívida pública, tendo como contrapartida a redução da rubrica de Caixa e Disponibilidades em bancos centrais. 

Em sentido contrário tivemos o BCGA e BDA que desceram 3 posições no ranking, passando a ocupar a 9.ª posição e 14.ª posição.

Bancos dão menos crédito se comparado aos títulos

Se os 23 bancos comerciais que actuam no sector bancário nacional fecharam o exercício financeiro de 2023 preferindo investir um total de 8,021 biliões de Kwanzas dos seus activos em títulos públicos, contrariamente esse grupo de operadores da banca só libertou 4,9 biliões de Kwanzas para crédito tradicional, quer para as famílias, quer para as empresas. 

Este valor libertado corresponde a um aumento significativo de cerca de 40% face a 2022, sendo que a variação entre 2021 e 2022 cifrou-se em 12,9%. Segundo a Deloitte, a evolução apresentada considera a informação financeira não auditada relativa ao Banco Económico, com referência a 31 de Dezembro de 2022 e 2023. 

A evolução do crédito líquido apresenta uma tendência de crescimento desde 2019, motivada pelas medidas de estímulo ao financiamento directo à economia adoptadas pelo Executivo, em 2021, para apoiar o sector produtivo da economia e que tem vindo a ser reforçada por algumas medidas do Banco Nacional de Angola, bem como o reforço da intervenção do Fundo de Garantia de Crédito, por via de emissão de garantias públicas a favor das empresas e empreendedores.

Bancos angolanos mantêm ‘apetite’ pelos títulos do Tesouro, com empréstimos de mais de 8 biliões Kz ao Estado

Desde 2014, com inicio da crise dos cambiais, que os operadores do mercado bancário doméstico têm preferido libertar crédito para financiar o Estado do que as famílias e as empresas. Medida é justificada com menor grau de risco quando o dinheiro é aplicado aos títulos, além de que as taxas são mais atractivas. 

Ago 13, 2024 - 13:48
Última atualização   - 13:49
Bancos angolanos mantêm ‘apetite’ pelos títulos do Tesouro, com empréstimos de mais de 8 biliões Kz ao Estado
© Fotografia por: DR
Bancos angolanos mantêm ‘apetite’ pelos títulos do Tesouro, com empréstimos de mais de 8 biliões Kz ao Estado

Os 23 bancos comerciais que actuam no sector bancário nacional fecharam o exercício financeiro de 2023 com um total de 8,021 biliões de Kwanzas dos seus activos investidos em títulos públicos, revelando, assim, a vontade dos operadores nesse tipo de financiamento, apurou o Kieto Economia de uma compilação da Deloitte Angola. 

Designada ‘Banca em Análise 2024’, o documento mostra que o ‘apetite’ dos bancos comerciais continua crescer neste tipo de negócio, já que os mais de 8 biliões de Kwanzas, representam uma subida de aproximadamente 37,6%, face ao exercício de 2022, não sendo alheio o facto da forte desvalorização do Kwanza face ao Dólar norte-americano e ao Euro, observada em 2023, uma vez que os activos expressos em moeda estrangeira e/ou indexados a moeda estrangeira valorizaram significativamente face a 2022.

O documento não explica a razão do forte interesse dos bancos comerciais neste tipo de negócio, mas, ao Kieto Economia, vários analistas e profissionais dos bancos sistémicos continuam a defender que o investimento em títulos do Tesouro é ainda mais rentável e seguro do que o investimento no crédito tradicional. 

Ou seja, os bancos preferem emprestar os recursos ao Estado do que as famílias, porque consideram que os títulos têm menos riscos do que do crédito bancário, que depende de vários factores, como a desvalorização da moeda e a taxa de inflação. Na prática, num cenário de crise, há mais probabilidade de os bancos reaverem os seus investimentos dados ao Estado do que às famílias, que, com a crise ou subida dos preços, têm mais dificuldades de honrar os seus compromissos junto da banca. 

Individualmente, o Banco Angolano de Investimento (BAI) continua a liderar a lista de entidades que mais absorvem títulos do Estado. Ou seja, o BAI vai na frente dos bancos com um investimento de perto de 2 biliões de Kwanzas em empréstimos ao Estado, no exercício financeiro 2023, o que representa uma quota de 25% do total desta tipologia de activos. 

Por sua vez, o BFA, BPC, Atlântico e BIC fecham o TOP 5 deste ranking, não tendo existido qualquer alteração nas posições, face a 2022. Adicionalmente, no final de 2023, os cinco maiores Bancos, em termos de activos, representavam 72% do total dos activos dos bancos em estudo, o que representa um aumento residual na concentração de 71% em 2022, tendo sido verificado um aumento dos títulos e valores mobiliários, de cerca de 36%, sendo que o maior crescimento se concentrou no BAI, BIC e BFA, que viram os títulos e valores mobiliários aumentar em cerca de 1.260 mil milhões de kwanzas, que corresponde a 59% do crescimento total de títulos face a 2022.

Quanto às posições relativas dos restantes bancos, destaca-se a subida de quatro posições do BCI, que passou a integrar o TOP 10 em 2023, em virtude do reforço no investimento em dívida pública, tendo como contrapartida a redução da rubrica de Caixa e Disponibilidades em bancos centrais. 

Em sentido contrário tivemos o BCGA e BDA que desceram 3 posições no ranking, passando a ocupar a 9.ª posição e 14.ª posição.

Bancos dão menos crédito se comparado aos títulos

Se os 23 bancos comerciais que actuam no sector bancário nacional fecharam o exercício financeiro de 2023 preferindo investir um total de 8,021 biliões de Kwanzas dos seus activos em títulos públicos, contrariamente esse grupo de operadores da banca só libertou 4,9 biliões de Kwanzas para crédito tradicional, quer para as famílias, quer para as empresas. 

Este valor libertado corresponde a um aumento significativo de cerca de 40% face a 2022, sendo que a variação entre 2021 e 2022 cifrou-se em 12,9%. Segundo a Deloitte, a evolução apresentada considera a informação financeira não auditada relativa ao Banco Económico, com referência a 31 de Dezembro de 2022 e 2023. 

A evolução do crédito líquido apresenta uma tendência de crescimento desde 2019, motivada pelas medidas de estímulo ao financiamento directo à economia adoptadas pelo Executivo, em 2021, para apoiar o sector produtivo da economia e que tem vindo a ser reforçada por algumas medidas do Banco Nacional de Angola, bem como o reforço da intervenção do Fundo de Garantia de Crédito, por via de emissão de garantias públicas a favor das empresas e empreendedores.

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